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Ataques de Fúria: Do Impulso ao Tratamento

Ataques de Fúria: Do Impulso ao Tratamento

O Transtorno Explosivo Intermitente é uma experiência subjetiva, como se tivessemos dentro de nós uma “panela de pressão” prestes a estourar.  A pessoa sente fortes explosões de raiva e também desproporcionais ao que lhe acontece, como se realmente perdesse o controle repentinamente — podendo xingar, esbravejar, ameaçar, quebrar objetos e até agredir alguém fisicamente, sem conseguir conter o impulso.

Essas explosões costumam durar pouco tempo, mas o suficiente para deixar um rastro muito grande de constrangimento, culpa e medo de “explodir” de novo. Entre um ataquee outro, a pessoa volta ao seu comportamento normal, o que confunde muito quem convive com ela.

A manifestação desse tipo de comportamento não é simplesmente uma falta de educação, mas sim um desequilíbrio neuroquímico do cérebro que dificulta regular as emoções.

Com tratamento adequado — que envolve psicoterapia para a pessoa poder aprender estratégias de autocontrole e, em alguns casos, medicamentos — é possível reduzir a frequência e a intensidade dessas explosões, ajudando a pessoa a viver com mais calma e segurança nas relações.

O Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) é de fato um transtorno com episódios recorrentes de explosões de agressividade desproporcionais ao que as provocou.  São “Ataques de Fúria” onde essas explosões podem envolver agressões verbais (gritos, insultos) ou físicas (contra objetos, pessoas ou animais) e ocorrem sem um planejamento prévio, ou seja, são manifestações absolutamente impulsivas. As reações são muito extremas para a situação. Ataques de Fúria: Do Impulso ao Tratamento

Antes de um ataque agressivo, a pessoa pode sentir:

  • Raiva.
  • Irritabilidade.
  • Mais tensão e energia.
  • Pensamentos acelerados.
  • Formigamento.
  • Tremendo.
  • Batimento cardíaco rápido ou acelerado.
  • Aperto no peito.

As explosões verbais e comportamentais são muito intensas para a dada situação conforme já disse, mas é importante compreender que são reações sem nenhuma reflexão sobre o que pode acontecer como resultado. Essa pessoa não mede consequências……

10 Exemplos de Ataques de Fúria no Transtorno Explosivo Intermitente

  1. Gritar intensamente por motivo banal
    Como se irritar ao extremo porque alguém deixou a toalha fora do lugar ou fez um comentário simples.

  2. Quebrar objetos em casa ou no trabalho
    Arremessar o celular, copos, controles remotos ou bater portas com força em acessos de raiva.

  3. Ofender gravemente alguém querido
    Usar palavras duras ou humilhantes com familiares, cônjuge ou filhos durante uma crise emocional.

  4. Ameaçar fisicamente alguém durante uma discussão
    Sem necessariamente partir para a agressão, mas com gestos, postura ou palavras intimidantes.

  5. Explodir no trânsito com gritos, buzinas e gestos agressivos
    Reações exageradas a pequenas imprudências, como se fossem ameaças graves.

  6. Agredir fisicamente objetos ou paredes
    Socar a parede, bater em móveis ou danificar coisas como forma de “alívio” imediato da raiva.

  7. Perder totalmente o controle diante de uma crítica leve
    Entrar em ataque verbal intenso ao ser contrariado ou corrigido, mesmo que de forma respeitosa.

  8. Gritar com crianças ou animais por pequenos erros
    Reagir com hostilidade quando a criança derruba algo ou o cachorro faz bagunça, por exemplo.

  9. Culpar os outros com raiva extrema
    Dizer coisas como “Você sempre me tira do sério!” ou “Você me obriga a agir assim!” em tom acusatório e desequilibrado.

  10. Entrar em estado de fúria e logo depois chorar ou se isolar
    Muitos episódios terminam com remorso intenso, lágrimas ou um silêncio prolongado de autodepreciação.

7  sinais de transtorno explosivo intermitente 

Alguém que apresente esse transtorno desafiador deve obter um diagnóstico formal através de profissionais habilitados, antes de começar o tratamento. Aquelas pessoas que convivem e que se importam com eles devem ficar atentos aos 7 sinais do transtorno explosivo intermitente, que incluem:

  1. Age desproporcionalmente aos gatilhos: quando algo pequeno acontece, a pessoa reage com muita raiva, que não condiz com o evento que a desencadeou.
  2. Não consegue controlar a raiva: quando a maioria das pessoas teria se irritado brevemente e depois se acalmado, o indivíduo continua furioso e pode até dizer que não consegue controlar a raiva.
  3. A vida da pessoa é impactada negativamente por sua raiva: Ela têm relacionamentos problemáticos com outras pessoas e não consegue manter relacionamentos saudáveis ​​com parceiros, amigos ou familiares. Ela também têm problemas no trabalho ou na escola.
  4. Sintomas físicos durante explosões: a gravidade da raiva da pessoa faz que ela sinta vários sintomas físicos como o aumento da frequência cardíaca ou da pressão arterial, fique com o rosto vermelho, sinta tremores pelo corpo e muito suor.
  5. Entra em fúria sem aviso: Mesmo quando a pessoa pode parecer calma e não há gatilhos perceptíveis acontecendo, ela entra em um ataque repentino de fúria. Ela vai de 0 a 10 sem aviso, muitas vezes assustando aqueles ao redor dela.
  6. Negação da existência de um problema: mesmo quando confrontada com os fatos, com o número e a intensidade de suas ações de raiva, a pessoa acredita que elas não são tão exageradas e que não há nada de errado.
  7. Culpa após o fim da explosão: Semelhante a um agressor de violência doméstica, a pessoa nesse ataque de fúria às vezes sente culpa mas somente após o fim da explosão. Ela pode até se desculpar e dizer que vai se controlar no futuro, mas o padrão continua a se repetir.

Sintomas

Ataques impulsivos e explosões de raiva ocorrem repentinamente, com pouco ou nenhum aviso. Eles geralmente duram menos de 30 minutos. Esses ataques podem ocorrer com frequência ou ser separados por semanas ou meses. Explosões verbais ou ataques físicos menos severos ainda podem ocorrer entre esses momentos mais radicais. A pessoa pode ficar irritado, impulsivo, agressivo ou com raiva na maior parte do tempo.  Ataques de Fúria: Do Impulso ao Tratamento

As explosões podem incluir:

  • Birras e invocações briguentas
  • Discursos longos e irados.
  • Discussões acaloradas.
  • Gritando.
  • Dar tapas, empurrões ou empurrões.
  • Lutas físicas.
  • Danos materiais.
  • Ameaçar ou prejudicar pessoas ou animais.

A pessoa pode sentir uma sensação de alívio e cansaço após a explosão. Mais tarde, pode se sentir culpada, arrependida por suas ações ou até envergonhada.

Causas

O transtorno explosivo intermitente pode começar na infância — após os 6 anos de idade — ou durante a adolescência. É mais comum em adultos mais jovens do que em adultos mais velhos. A causa exata do transtorno não é conhecida. Pode ser causado pelo ambiente de vida e comportamentos aprendidos, genética ou alterações no cérebro.    Ataques de Fúria: Do Impulso ao Tratamento

  • Ambiente de vida >  A maioria das pessoas com essa condição cresceu em famílias onde comportamento explosivo e abuso verbal e físico eram comuns. Crianças que veem ou passam por esse tipo de violência em tenra idade têm mais probabilidade de ter essas mesmas características à medida que crescem.
  • Genética > A genética pode desempenhar um papel importante. Pode haver um gene relacionado à tendência de reagir mais facilmente ao estresse. Esse gene pode ser passado de pais para filhos.
  • Diferenças em como o cérebro funciona >  Pode haver diferenças na estrutura, função e química do cérebro em pessoas com transtorno explosivo intermitente em comparação com o cérebro de pessoas que não têm o transtorno.

Complicações

Pessoas com transtorno explosivo intermitente têm maior risco de:

  • Problemas com relacionamentos >  Outros frequentemente pensam que pessoas com transtorno impulsivo intermitente estão sempre com raiva. Brigas verbais ou abuso físico podem acontecer frequentemente. Essas ações podem levar a problemas de relacionamento, divórcio e estresse familiar.
  • Problemas no trabalho, em casa ou na escola > Complicações do transtorno explosivo intermitente podem incluir perda de emprego, suspensão escolar, acidentes de carro, problemas financeiros ou problemas com a lei.
  • Problemas de humor > Transtornos de humor como depressão e ansiedade frequentemente ocorrem com transtorno explosivo intermitente.
  • Problemas com uso de álcool e drogas >  Problemas com álcool ou drogas frequentemente ocorrem junto com transtorno explosivo intermitente.
  • Problemas de saúde física >  Condições médicas são mais comuns e podem incluir, por exemplo, pressão alta, diabetes, doença cardíaca e derrame, úlceras e dor contínua.
  • Automutilação > Às vezes, ocorrem automutilação ou tentativas de suicídio.

Prevenção

Se você tem transtorno explosivo intermitente, a prevenção provavelmente está além do seu controle, a menos que você receba tratamento de um profissional de saúde mental.

Após iniciar o tratamento, siga o plano e pratique as habilidades que aprender. Se o medicamento for prescrito, certifique-se de tomá-lo. Não use álcool ou drogas.

Quando possível, deixe ou evite situações que o aborreçam. Além disso, programar um tempo pessoal para permitir que você diminua o estresse pode ajudá-lo a lidar melhor com uma situação estressante ou frustrante que está por vir.    Ataques de Fúria: Do Impulso ao Tratamento

Diagnóstico do Transtorno Explosivo Intermitente

O diagnóstico é clínico e feito com base nos critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Os principais critérios incluem:

✔️ Explosões de raiva recorrentes e desproporcionais, seja por agressões físicas ou verbais.
✔️ Falta de controle dos impulsos agressivos, não sendo algo premeditado.
✔️ As explosões não podem ser explicadas por outros transtornos psiquiátricos (como Transtorno Bipolar, Esquizofrenia) ou pelo uso de substâncias.
✔️ Prejuízos sociais e emocionais: o comportamento afeta negativamente relacionamentos interpessoais, trabalho e outras áreas da vida.

O diagnóstico é realizado por um psiquiatra ou psicólogo, através de entrevistas clínicas e escalas de avaliação.  Ataques de Fúria: Do Impulso ao Tratamento

🔎 Causas Mais Detalhadas do Transtorno Explosivo Intermitente

O TEI não tem uma única causa, sendo resultado da interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais:

  1. Fatores biológicos

    • Disfunções na regulação dos neurotransmissores, especialmente serotonina, que está associada ao controle da impulsividade e agressividade.
    • Hiperatividade da amígdala, estrutura cerebral ligada às respostas emocionais intensas, como a raiva.
    • Possíveis alterações na conectividade entre a amígdala e o córtex pré-frontal, área responsável pelo raciocínio lógico e controle dos impulsos.
  2. Fatores genéticos e hereditários

    • Estudos sugerem que o TEI pode ter um componente genético, pois há maior prevalência do transtorno em familiares de primeiro grau.
  3. Fatores psicológicos e ambientais

    • Histórico de abuso físico ou emocional na infância.
    • Testemunhar violência doméstica na infância pode levar a um padrão aprendido de resposta impulsiva e agressiva.
    • Ambientes de alto estresse podem intensificar episódios explosivos.

🩺  Ataques de Fúria: Do Impulso ao Tratamento

🛠 ✅ Tratamento e “Cura” do Transtorno Explosivo Intermitente

O TEI não tem uma cura definitiva, mas o tratamento pode reduzir a frequência e a intensidade dos episódios de explosão, melhorando a qualidade de vida do indivíduo. O tratamento envolve:

1. ✅ PSICOTERAPIA

A PSICOTERAPIA é um dos tratamentos mais eficazes, ajudando o paciente a:

✅ Identificar gatilhos da raiva.
✅ Desenvolver estratégias para controlar impulsos agressivos.
✅ Melhorar a regulação emocional.
✅ Trabalhar crenças disfuncionais que justificam a agressividade.

2. ✅ Medicamentos

3. ✅ Técnicas de Controle da Raiva

  • Treinamento de habilidades sociais.
  • Técnicas de relaxamento, como mindfulness e respiração diafragmática.
  • Exercícios físicos para liberar tensões.

4. ✅ Mudanças no Estilo de Vida

  • Reduzir consumo de álcool e drogas (que podem piorar impulsividade).
  • Melhorar padrões de sono.
  • Ter rotina estruturada e atividades que promovam bem-estar.

✅ ✅ ✅ Conclusão

O Transtorno Explosivo Intermitente pode causar impactos negativos na vida social e profissional, mas com o tratamento adequado, é possível aprender a gerenciar melhor os impulsos e ter uma vida mais equilibrada. Se você ou alguém próximo enfrenta esse problema, buscar um profissional de saúde mental é essencial!  Ataques de Fúria: Do Impulso ao Tratamento

Tipos Mais Comuns de Ataques de Fúria

Fúria ao volante, abuso doméstico, arremesso ou quebra de objetos ou outras violências podem ser os tipos mais comuns de  sintomas do transtorno explosivo intermitente. Essas explosões, que ocorrem de vez em quando, causam grande sofrimento.

Elas podem prejudicar relacionamentos e causar problemas no trabalho ou na escola. Elas também podem resultar em problemas com a lei e a justiça.

 

 

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Sobre a autora:

Liliam Silva

Liliam Silva

Sou psicóloga clínica há 24 anos, ajudando pessoas a se conhecerem melhor e a superarem suas dificuldades emocionais, conflitos internos ou de relacionamento, estresse, depressão e desafios na vida profissional. O meu trabalho como psicoterapeuta(presencial e online) potencializa o desenvolvimento pessoal e profissional da pessoa que busca harmonia no seu cotidiano, qualidade de vida mental e a satisfação frente à vida.

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