Como Ajudar as Crianças Expressarem Seus Sentimentos?

Por que conversas com as crianças sobre crises são importantes?

Crianças e adolescentes precisam saber que podem conversar sobre assuntos difíceis com seus pais. Conversar com os pais beneficia a saúde mental dos pequenos e dos maiores. Veja algumas estratégias que você pode usar:

“Valide o que seu filho expressar” : Poder falar abertamente sobre sentimentos, pensamentos e até de preocupações,  pode ajudar as crianças de qualquer idade a se sentirem melhores. Os pais podem conversar com seus filhos regularmente e assim demonstrarem interesse sobre os pensamentos e sentimentos que as crianças e os adolescentes estão construindo sobre o mundo que atravessamos. Quando essa conversa acontecer, os pais podem responder os questionamentos dos seus filhos sempre em  primeiro lugar, priorizando a fala “deles”.

• Após essa validação, os pais podem iniciar uma discussão educativa, onde o sentimento de acolhimento afetivo oferecido  aos filhos,  é vital para ajudá-los a se sentirem à vontade para se expressarem.

• Use palavras ou ilustrações – Explique o sentimento deles para eles, naquele momento que seus filhos estão se expressando. Use palavras fáceis que eles possam entender. Você pode usar livros ilustrados, que é uma ótima maneira de ter como apoio as imagens que refletem os mais variados sentimentos. Existem ilustrações que ajudam como as crianças podem aprender a reconhecer as suas próprias emoções, como as emoções de outras pessoas através de expressões faciais. Esse é um importante recurso que ajuda a identificar as emoções nos outros e neles mesmos.

• Corrija desinformação ou fake news:  Como já vimos em inúmeros contextos, a desinformação e rumores mentirosos podem se espalhar rapidamente nas mídias sociais e em outras plataformas digitais. As crianças mais novas tendem a ter uma imaginação muito ativa, e talvez ao ouvirem algumas notícias de determinado segmento de notícias, as suas mentes poderão criar uma história em torno disso e que lhes cause muita angústia . É por isso que perguntar às crianças o que elas ouviram é importante,  justamente para que os adultos possam corrigir qualquer coisa que esteja mal interpretada e que venha a desenvolver terror na mente principalmente dos mais pequenos.

  

• Incentive com elogios – Se o seu filho se expressou de maneira apropriada, reforce isso com muitos elogios. Quando um filho é elogiado, é mais provável que esse reforço positivo o faça repetir esse comportamento em outros momentos. Isso irá encorajá-lo, e mostrará a ele  que não há problema algum em falar sobre seus sentimentos com os seus pais.

• Prátique boas estratégias  – Apoie seu filho praticando estratégias para que ele sinta-se acolhido e livre para expressar as emoções com vocês, que são os seus pais. Fale sobre  sentimentos quando estiver com ele jogando, jantando ou andando de carro. Quanto mais as crianças praticarem a comunicação sobre o que se passa nos  seus mundo subjetivos, mais rápido elas aprenderão sobre inteligência emocional e gestão das emoções.

• Nomeie o Sentimento – Ajude as crianças a nomearem os sentimentos que elas expressam. Quer um exemplo? Muitas vezes elas sentem frustração, mas não sabem que estão sentindo frustração. Ao ouvir o que elas  sentem, você permite que desenvolvam seus sentimentos para que  possam falar sobre eles de maneira confortável. Essas emoções interferem na vida delas, mas, quando devidamente reconhecidas e nomeadas, além de percebidas por elas e por vocês adultos, haverá o encorajamento da criança falar sobre seus próprios sentimentos sempre nomeando-os, ao invés de ver seus pais reagindo a eles,  muitas vezes criticando-a ou  julgando-a.

• Identifique os sentimentos em si mesmo e nos outros – Fale para as crianças sobre os sentimentos que você percebe nos outros. Descreva essas emoções com as suas palavras,  para que elas possam experimentar esses sentimentos. Quando as crianças entendem as emoções e as comunicam de maneira assertiva e eficiente, elas podem e conseguem, ao reconhecê-­las, escolher melhores estratégias para resolver problemas e lidar com eventos negativos, ou positivos, desenvolvendo, gradualmente, a percepção sobre a perspectiva do outro.

• Aceite os sentimentos do seu filho – As emoções às vezes podem ser muito avassaladoras para uma criança, mas quando você aceita essas emoções, ela sente imediatamente que alguém a entende. Isso vai ajudá-la a sempre cooperar com você,  no sentido para que possa entendê-la, ajudá-la e também fazê-la se sentir melhor. A sua aceitação conta para o seu filho como uma forma de apoio, para que ele possa melhorar o seu padrão expressivo. Uma criança que consegue dizer “eu estou bravo com você” ou então “isso está me magoando”, tem mais chances de conseguir resolver seus conflitos de forma pacífica do que uma criança que não consegue se expressar.

• Ouça os sentimentos do seu filho – A escuta empática consiste em ajudar uma pessoa a ver que você ouvinte, entendeu o que ouviu dela. Então, respire, e resista à vontade de fazer com que os sentimentos incômodos do seu filho desapareçam instantaneamente. Muitas vezes, seu filho só precisa de uma chance para ser ouvido diante daquilo que está sentindo e por você,  justamente para que ele possa se sentir mais aliviado. Uma vez que ele foi ouvido, se aliviou e seguiu em frente, você poderá se surpreender com o quão afetuoso e cooperativo ele será quando tiver a chance de se mostrar à você novamente.
• As crianças pequenas acham que o mundo gira em torno delas, por isso pode ser uma experiência    reveladora para elas aprenderem que outras pessoas também têm sentimentos. Se seu filho              compreende que empurrar o amiguinho no chão pode deixá-lo magoado e triste, ele terá menos        probabilidade de agir assim.

• Uma oportunidade para ensinar compaixão: As crianças podem até perguntar diante de uma crise: “Há algo que possamos fazer?” Este é um sentimento que os pais devem promover,  porque não apenas ensina mas fortalece a empatia. Também colabora em aprender  a ver as situações de uma outra perspectiva. Pais e filhos podem trabalhar juntos para encontrarem maneiras de fazer parte, mesmo que minimamente,  de uma possível solução, mesmo que sejam soluções dentro do microuniverso familiar. Permita que as suas crianças apresentem soluções e explique a elas se essas soluções são viáveis ou não.

As crianças pequenas sentem muitas emoções que os adultos também sentem. As crianças ficam como nós com  raiva, tristes, frustradas, nervosas, felizes ou envergonhadas, e muitas vezes não se sentem felizes. Em vez disso, elas às vezes expressam essas emoções com suas ações, que nem sempre são tão apropriadas.

Aos filhos pequenos, ensine palavras como “feliz”, “triste” e “medo”. As crianças mais velhas podem aprender palavras mais complexas, como “frustradas”, “desapontadas” e “nervosas”.

As crianças ficam muito frustradas quando não conseguem fazer você entender o que estão sentindo. O primeiro passo é sempre ajudá-las a identificar suas emoções e o motivo que estão se sentindo assim. À partir dos 18 meses, as famílias podem tanquilamente ensinar seus filhos a verbalizarem seus sentimentos.

As crianças precisam entender que não é só porque estão sentindo raiva que elas podem bater em alguém, por exemplo. Para isso, é preciso que você as ensine a lidar com esse sentimento desconfortável. Incentive seu filho a ir para o quarto ou para outro lugar silencioso quando ele estiver chateado. Isso pode ajudá-lo a se acalmar para não “explodir”. (Continua Logo Abaixo)

Crianças menores de 5 anos: Use uma linguagem simples. Muitos detalhes não são úteis e podem aumentar a confusão. Os recursos visuais podem ser uma ferramenta eficaz. No caso da Ucrânia, apresente um mapa do mundo, mostrando  ao seu filho onde estamos e onde a Ucrânia está localizada. Esse é um caminho bem-vindo para iniciar uma conversa dessa natureza. Em seguida, considere como a criança reagiu diante das notícias negativas que ela já teve acesso até agora. Por exemplo, avalie se ela ficou ansiosa com muita facilidade. Se esse for o caso, limite mais as informações. Será                                                                     melhor.

Crianças e adolescentes em idade escolar: Tenha um diálogo apropriado para a idade, porque eles provavelmente já ouviram falar sobre o que está acontecendo em algum nível – seja nas mídias sociais, na escola, com amigos ou em conversas dos adultos. Você pode iniciar a conversa com algo assim:  “O que você já ouviu?” E então  continuar com: “O que você acha sobre o que está acontecendo?”….. “Como você está se sentindo?”  Veja que não há problema se as crianças não tiverem  todas as respostas sobre algo que você está abrindo para uma conversa. Se esse for o caso, vá conversando mais em outras ocasiões também.

Como pais, tentem lembrar que, quando as crianças comunicarem seus pensamentos e sentimentos, respondam sempre com validação. O que é validar os pensamentos e sentimentos de alguém?  A validação de sentimentos e pensamentos, é a habilidade de legitimar e fazer com que se torne válido e reconhecido o que alguém sente e pensa.

Por meio da validação podemos demonstrar que nos importamos profundamente com quem se encontra dividindo os seus pensamentos e sentimentos conosco. Com as suas crianças, vocês pais devem deixá-las saber que estão cuidando delas e que farão o que puderem para mantê-las sempre seguras.

Os pais devem monitorar a exposição à mídia ou imagens que as suas crianças têm acesso. Os pais também devem estar cientes de que as crianças podem ser muito afetadas pelas reações e observações que seus próprios pais fazem em relação ao que veem, assistem e comentam. Então, se os adultos estão tendo uma conversa sobre algo dessa natureza e em tom demasiadamente emocional, talvez o melhor é ter essa conversa longe das crianças.

Mesmo com esses esforços, as crianças ainda podem ser afetadas, por isso é importante conhecer os sinais de ansiedade infantil :