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O Poder de Cura do Tratamento Moral

O filantropo inglês, William Tuke, fundou em 1896 o Retiro de York em Lamel Hill em York, Reino Unido, e o seu objetivo era ajudar as pessoas a se recuperarem de problemas de transtornos mentais, mas com uma diferença em relação aos métodos brutais da época. O tratamento adotado por Tuke era gentil e compassivo e passou a ser conhecido como Tratamento Moral. Sua filosofia era a humanidade,  bondade e respeito. Foi um grande sucesso. O Poder de Cura do Tratamento Moral

Tuke foi o pioneiro em métodos novos e mais humanos de tratamento para sérios doentes mentais, entre eles, retirar as correntes dos internos, alojá-los em ambiente agradável, com alimentação digna e adotar um programa de aproveitamento terapêutico das tarefas ocupacionais. Os pacientes viviam no Retiro de York e experienciavam os princípios da bondade, confiança e ordem.

Foi uma reação contra os asilos desumanos e brutais da época, onde um dos familiares de Tuke havia passado algum tempo. Nesses asilos, as pessoas que sofriam de transtornos mentais eram trancadas e tratadas de forma extremamente desumana.  Essa foi uma forma dominante de tratar os transtornos mentais por mais de cem anos, mas poucas pessoas hoje em dia sequer já ouviram falar sobre isso.

O trabalho de Tuke foi contemporâneo e semelhante em relação aos trabalhos de Phillipe Pinel  na França, embora os dois agissem independentemente um do outro.

O modelo de cuidado de William Tuke, conhecido como Tratamento Moral, deu total prioridade ao valor dos relacionamentos pessoais como uma influência curativa, assim como a importância da ocupação útil e à qualidade do ambiente físico em que viviam seus pacientes.

A filosofia do Retiro, que continuou como hospital psiquiátrico, desempenhou um papel importante no movimento em direção a um cuidado mais humano na primeira metade do século 19 e no desenvolvimento do conceito de comunidade terapêutica que tem amplas implicações para o tratamento de transtornos mentais, saúde e delinquência no século 21.

Os seus pacientes viviam como família, ajudando uns aos outros no dia-a-dia. A cada pessoa foi demonstrada confiança, autonomia, respeito e gentileza e que por sua vez, a paciente retribuia e também desejava o mesmo dos seus pares. Esse era o Tratamento Moral – que não apenas pacientes eram tratados pela equipe médica e de apoio do local com gentileza, mas gentil era a maneira como eles se tratavam.

O Retiro de York foi tão bem-sucedido que o Tratamento Moral foi lançado por toda a Europa e Estados Unidos no século 19 e até mesmo no início do  século 20.

A Neuroplasticidade Cerebral Através da Bondade

Os psiquiatras daquela época ficaram tão impressionados com o poder do Tratamento Moral,  que escreveram artigos defendendo esse tipo de Tratamento e opinando que essa prática certamente levaria a muitas ‘mudanças orgânicas na matéria cerebral’, algo que hoje sabemos cientificamente que é verdade.

Os psiquiatras desde o início do século 20 vem defendendo que o Tratamento Moral  leva realmente  a ‘mudanças orgânicas na matéria cerebral’ e atualmente com o uso de aparelhos de última geração como a tomografia cerebral, já está sendo comprovada as alterações cerebrais pela neuroplasticidade .

A Meditação da Bondade Amorosa

Práticas de meditação que envolvam o sentimento da compaixão, como a meditação da bondade amorosa dos budistas tibetanos, impactam fortemente as regiões do cérebro associadas à emoção positiva e à empatia, e também demonstram a atividade cerebral em algumas regiões de processamento de estresse.

Um estudo publicado na edição de julho / agosto de 2018 da Harvard Review of Psychology forneceu uma visão geral das evidências científicas relacionadas à meditação da bondade amorosa e outras intervenções baseadas na compaixão.

Os autores do estudo concluíram que a Meditação da Bondade Amorosa pode ser benéfica no tratamento da dor crônica e no transtorno de personalidade limítrofe.

meditação da bondade amorosa
A meditação da bondade amorosa tem vários benefícios

Alguns outros estudos publicados observaram que essa técnica de meditação pode ser útil no controle da ansiedade social, conflito conjugal, raiva e como lidar com as tensões de longo prazo.

Outra pesquisa sugeriu que a meditação da bondade amorosa pode aumentar a ativação de áreas do cérebro que estão envolvidas no processamento emocional e na empatia para aumentar a sensação de positividade e reduzir a negatividade.

Você que me lê saiba, que o poder da bondade para curar é em parte uma redescoberta.

Por que estamos redescobrindo isso agora? É porque o Tratamento Moral de Tuke começou a declinar no início do século 20, quando os remédios modernos se tornaram populares. Ao longo do século passado, a medicina ocidental moderna obteve um sucesso enorme, pois salvou e prolongou vidas humanas das doenças cardíacas, derrames, cânceres e muitas outras doenças graves. Também se tornou a norma para o tratamento de condições de saúde mental.

A visão atual dominante tem como foco em como o tratamento psiquiátrico, que analisa uma pessoa através de suas atitudes e comportamentos pode ajudá-la após prescrever uma pílula psiquiátrica para ser comprada na farmácia. Por exemplo, tratar a depressão alterando rapidamente a química do cérebro tornou-se a norma médica atual.

Embora os antidepressivos sejam muito bem-sucedidos e realmente salvem vidas, eles não são tão eficazes para todo mundo. Talvez possamos expandir nossa gama de tratamentos para trazer o Tratamento Moral de volta nas sessões de psicoterapia.

Agora não há mais dúvidas, pois as  pesquisas recentes nos mostram que a gentileza é um forte tônico para a saúde mental. De fato, vários estudos científicos agora mostram que essa prática aumenta a felicidade e protege contra a depressão.

Trabalho Voluntário e Saúde Mental

Existem estudos que mostram que as pessoas que trabalham voluntariamente e regularmente, têm taxas muito mais baixas de depressão do que a população em geral. Isso não significa que as pessoas com menos probabilidade de ficarem deprimidas sejam mais propensas a se voluntariar, mas que realmente ajudar os outros é, na verdade, uma enorme proteção contra a depressão.

Sentimentos de Bondade Nos Livram da Tristeza e do Estresse

Os sentimentos induzidos pela bondade amortecem alguns dos efeitos nocivos da tristeza e do estresse. Eles não são eliminados como um passe de mágica, mas ajudam as pessoas a se tornarem mais resistentes aos sentimentos negativos e ao estresse. Essas ações especialmente em relação ao estresse, colaboram para que não se chegue a um nível que leve uma pessoa até mesmo à uma depressão.

 

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Sobre a autora:

Liliam Silva

Liliam Silva

Sou psicóloga clínica há 24 anos, ajudando pessoas a se conhecerem melhor e a superarem suas dificuldades emocionais, conflitos internos ou de relacionamento, estresse, depressão e desafios na vida profissional. O meu trabalho como psicoterapeuta(presencial e online) potencializa o desenvolvimento pessoal e profissional da pessoa que busca harmonia no seu cotidiano, qualidade de vida mental e a satisfação frente à vida.

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