Você Foi Vítima de um Pai Abusivo?
O “pai abusivo”, que alguns especialistas chamam também de “pai tóxico”, são aqueles pais que se comportam de determinada maneira para causar intencionalmente nos seus filhos muito sofrimento, através do sentimento de culpa, da intimidação, da humilhação, de tensão permanente; como também desenvolvem na criança ou no adolescente o sentimento de medo intenso ou a sensação de eternos devedores de obrigações para com esse pai. Nesse artigo, talvez você possa identificar situações e experiências que hoje façam sentido dos abusos que vivenciou. Você foi vítima de um pai abusivo?
Vamos compreender que essas ações paternas não ocorrem vez ou outra, mas são padrões permanentes de comportamentos recorrentes, que acabam moldando negativamente a subjetividade da criança ou do adolescente, e portanto acabam gerando profundas feridas emocionais que não se curam sozinhas e nem facilmente. Na maioria das vezes são carregadas por uma vida toda pelos filhos.
Um pai tóxico ou abusivo, está preocupado apenas com as suas próprias necessidades e desejos. É um tipo de pai que olha só para si mesmo e que jamais pede desculpa ou até mesmo não admite que aquilo que fez ou que esteja fazendo contra seus filhos, seja algo errado. O abuso pode ser verbal e/ou físico, ou através da negligência emocional. Geralmente são contínuos por muitos anos e tendem a progredir, ou seja, vão se tornando cada vez mais intensos e cada vez mais agressivos. Esses pais não param nunca.
Lembre da sua infância e pergunte a si mesmo(a):
- Meu pai abusou de mim emocionalmente?
- Ele me disse que eu era um inútil ou uma pessoa ruim?
- Ele abusou fisicamente de mim sob o pretexto de me dar disciplina?
- Fui forçado a cuidar dele quando eu era muito jovem?
- Eu sempre tive medo de meu pai ou de suas ações e reações intempestivas?
- Eu reprimia minhas emoções, porque tinha medo de mostrar minha raiva ou frustração para meu pai?
- Ele me fez silenciar segredos de família ou de amigos, sobre coisas que essas pessoas fizeram comigo, como abuso físico ou sexual?
Sofrimento Psicológico Provocado Pelo Pai Abusivo
Você precisa ser sincero(a) sobre o relacionamento com seu pai, caso tenha sofrido abusos. Pergunte-se: “Sou uma pessoa marcada por sofrimento psicológico, originado pelo tipo de relacionamento doentio que tive com meu pai?”. Tente também responder a estas outras perguntas:
1-Você cresceu sem pai?
2-Você já viveu com um pai abusivo?
3-Você tem guardado na sua mente uma figura paterna mentalmente instável e/ou emocionalmente desapegada de você?
Se sua resposta for sim para qualquer uma dessas últimas 3 perguntas, você pode ter dores psicológicas, fardos emocionais, que se originaram do relacionamento paterno experienciado e que precisam ser curados urgentemente .
Quem Pode Ter Problemas Relacionais Com o Pai Tóxico?
Problemas relacionais com um pai abusivo são mais recorrentes nas famílias disfuncionais do que as pessoas acreditam. Parte das pessoas têm bagagem emocional pesada de suas infâncias, e que trazem para a vida adulta, incluindo o relacionamento doentio que tiveram com a figura paterna.
Características Mais Presentes na Personalidade de Um Pai Abusivo:
O “pai abusivo” apresenta algumas ou todas as seguintes características abaixo
Comportamentos Egocêntricos:
O pai abusivo egocêntrico, manifesta um comportamento emocionalmente indisponível e portanto distante afetivamente de seus filhos, como também demonstra o seu narcisismo em suas ações. Esse pai vê o filho(a) apenas como uma posse que pode ser usada para promover seus próprios interesses absolutamente pessoais. O pai narcisista costuma ter sérios problemas com limites, tanto limites físicos quanto emocionais, e descarrega muita da sua bagagem emocional tóxica nos filhos.
A negligência desse pai é manifesta por omissão diante do seu dever de proteger e de cuidar. A sua negligência se manifesta por um comportamento passivo. Assim, dá pouco carinho, quase não se envolve na rotina das crianças e quase nunca apresentam regras e limites. São considerados pais ausentes. Então, deixam o filho fazer tudo o que quer e, quando a criança chega ao limite ou esse pai sente culpa por sua ausência, ou passa a controlar exageradamente ou a punir.
Especialistas em Abuso Físico e/ou Verbal:
O abuso nem sempre é manifesto por atos mais radicais como bater, gritar, ameaçar ou algo desse tipo. Você pode encontrar pais que cometem os abusos de maneiras mais sutis, usando voz baixa, com xingamentos pesados, humilhações, transferência de culpa ou até dando ao filho(a) um tratamento indiferente e de menor valia, mas sempre de maneira silenciosa e com forte distanciamento emocional. Chegam ao ponto de cometer gaslighting .
Comportamentos Controladores:
Pais tóxicos ou nocivos, podem invadir a privacidade e não permitirem que o(a) filho(a) tome as suas próprias decisões. Como conseguem isso? São excessivamente controladores do mundo psiquico, e para tanto fazem críticas ácidas diante das decisões que o filho toma, mesmo na condição de adulto. Nada do que esse filho pense, resolva e tome determinada decisão, tem validade ou ganhe respeito da parte desse pai.
Comportamentos Manipuladores:
Pais tóxicos e nocivos, podem investir o tempo deles, assim como dinheiro ou outros itens, para usarem como peças estratégicas no jogo de manipulação contra seus filhos. Esses pais tentam controlar o mundo subjetivo dos(as) filhos(as), jogando no psiquismo deles as mais diferentes culpas e sentimentos que gerem vergonha, apenas para ter o prazer de brincar perversamente com o mundo emocional dessas pessoas.
São Pais Que Desprezam Limites:
Pais tóxicos e nocivos tendem a não desistir só para conseguirem o que eles querem. À medida que o filho(a) se cansa dessas táticas paternas, por exaustão acaba cedendo para as ideias ou situações defendidas e ambicionadas por esse pai. A vitória desse pai, ocorre pelo simples fato do desencadeamento de estresse no filho(a).
Como as pessoas que enfrentaram um “pai tóxico” na infância acabam escolhendo seu parceiro amoroso?
Ao se tornar uma pessoa adulta, você certamente como todo mundo, sonhou em encontrar a pessoa “certa”, com quem iria passar a vida num mar de felicidade e de amor verdadeiro.
Vou contar um segredo. Admita! Muitas vezes, você até quis uma pessoa que tivesse características semelhantes às de seu pai. Eu explico!
Quer você tenha crescido em uma família feliz ou em uma família disfuncional e portanto problemática, ainda assim terá inclinações psicológicas a fazer esse tipo de escolha por forças do seu inconsciente, e acabar tendo relacionamentos amorosos com os quais esteja mais familiarizada(o).
O tipo de relacionamento que você vivenciou na sua infância ou adolescência, enquanto se desenvolvia e crescia biologicamente, é considerado sua zona de conforto, independentemente de ter sido traumático ou não. Foi o que você conheceu!
É mais provável que você procure um(a) parceiro(a) que possa lhe dar o mesmo tipo de relacionamento que você teve com seu pai. Acredite! Só por isso, já é motivo suficiente para buscar a psicoterapia para se curar desse passado traumático que não sai de você. (Continua Logo Abaixo)
Tipos de Pais Tóxicos e Abusivos
Existem diferentes tipos de pais que são a causa do trauma de infância de suas filhas e filhos, e de seus problemas psicológicos, principalmente na área do relacionamento amoroso na fase adulta.
1. O Pai Emocionalmente Indisponível
Eles estão fisicamente presentes em casa, mas emocionalmente indisponíveis para seus filhos. Falta a esses pais empatia. Deixam toda a responsabilidade, até mesmo a afetiva, para a mãe dos seus filhos. A criança sente-se incompleta e abandonada, apesar de ter o pai fisicamente disponível.
O sofrimento gerado por um pai ausente no sentido emocional, pode gerar várias consequências psicológicas na fase infantil e depois na adultidade, como depressão, ansiedade exacerbada e a anorexia e/ou bulimia.
Essas consequências psicológicas quando não tratadas na infância pela psicoterapia infantil, são levadas para a vida adulta do filho gerando sérios comprometimentos nas relações mais íntimas.
2. O Pai Abusivo e Violento
São pais que maltratam suas filhas e filhos, por causa de seu estado emocional e mental comprometido, impulsivo, temperamental e instável. As crianças que vivem com esse tipo de pai, crescem lutando com problemas sérios de saúde mental.
É comum que crianças agredidas fisicamente desenvolvam distúrbios psicológicos como depressão grave, transtornos de ansiedade e síndrome do pânico.
3. O Pai que Mima, não é um bom pai. É um pai Indulgente!
Filhos desse tipo de pai são mimados excessivamente. O mimo também é uma forma de abuso! Esse pai lhes dá muita atenção e amor. São pais absolutamente centrados nos filhos. Dão exacerbada atenção emocional, mas quase nenhuma estrutura positiva e direção aos filhos. A filha mulher, como cresceu muito mimada, gosta de ser tratada da mesma maneira na sua fase adulta.
A filha de um pai indulgente, tem grandes chances de procurar um parceiro amoroso na vida adulta, que a trate como uma verdadeira rainha. A maioria das filhas que foram muito mimadas por seus pais, e que jamais sofreram frustrações ou negativas, acabam buscando nos relacionamentos amorosos, os homens mais velhos e que são financeiramente capazes de proporcionar a vida de rainhas que acham que merecem.
Ter um pai que mima ao excesso, gera no filho(a) o sofrimento da castração das suas possíveis potencialidades que poderiam ser desenvolvidas para que se enfrentasse a vida com mais recursos psicológicos, mais habilidades e competências. Esse tipo de pai, minimiza a capacidade do filho de pensar em soluções para seus próprios assuntos vitais.
4. O Pai Tóxico e Controlador
Você já ouviu falar no conceito de pai helicóptero? Pois então, o pai helicóptero é um tipo de pai que se concentra extremamente nas atividades e decisões de seus filhos. Ele sobrevoa a vida dos filhos sem o menor pudor.
São os pais que estão sempre girando em torno dos filhos. Praticamente os embrulham em plástico-bolha, criando jovens adultos medrosos, que têm dificuldade de ter um desempenho satisfatório em suas vidas.
Esse comportamento paterno convence seus filhos de que eles não sabem se defender, que não são autônomos, que são frágeis. São filhos que recebem tudo pronto, tudo resolvido.
Esses pais estão excessivamente envolvidos na vida de seus filhos e os protegem de todas e quaisquer decepções. O filho cresce e continuam tratando-o como uma criança pequena e indefesa diante do mundo. Filhas que cresceram com um pai helicóptero muitas vezes vão em busca de parceiros amorosos muito dominantes e controladores.
5. O Pai Arruinado e Dependente
São pais que dependem de suas filhas ou filhos pequenos, com pouca idade ou até muito jovens na fase da pré-adolescência, que ofereçam a ele a sobrevivência diária. Cuidar de um pai que não trabalha deliberadamente, pode resultar em crianças com baixa autoestima. Elas facilmente crescem manipuladas por outras pessoas, e acabam sendo exploradas por outros homens ou mulheres, que as usam para fins somente sexuais ou financeiros.
6. O Pai Angustiado e Aflito
Em condições normais, os filhos olham para seus pais com admiração. Então, quando um pai começa a decepcionar seu filhos constantemente, há uma grande possibilidade de que cresçam com certos comportamentos autodestrutivos.
O filho (a) crescerá rebelde e autodestrutivo(a), podendo apresentar pensamentos suicidas. Uma menina ou um menino, que cresceram com um pai que tanto os decepcionou, podem ter a tendência de praticar sexo desprotegido, usarem drogas ou desenvolverem um outro vício qualquer e preocupante. (Continua Logo Abaixo)
A Família
*A família – não importa o formato que assuma – tem um impacto significativo nos sentimentos de autoestima de uma pessoa, na percepção de si mesma e do mundo, e no vínculo de confiança que ela estabelecerá com os outros. É na família nuclear que desenvolveremos uma visão de como construíremos as nossas próprias famílias.
Basicamente, é na família nuclear que se constrói a nossa base de como faremos a leitura de tudo da nossa vida e de como iremos interagir com as pessoas à nossa volta ,com lugares e com todas as coisas da existência.
A família deve ser o porto seguro de uma criança, o lugar onde possa ser estimulada a ser ela de verdade, onde seja amada, não sentindo medo e onde tenha braços afetuosos que acalmem seus sentimentos com cuidados amorosos. Na família, ninguém precisa ser o melhor, o mais forte, o mais bonito ou o mais inteligente.
Quais as Marcas Subjetivas Deixadas pelo Pai Abusivo?
Hoje, ao se conscientizar que você pode ter sido exposto à toxicidade paterna na sua infância e/ou na adolescência, perceberá que é libertador reconhecer que muitos dos comportamentos que aprendeu na sua casa paterna/materna através desse modelo tóxico paternal, foram altamente perniciosos.
Você pode ter assistido e testemunhado muitas experiências prejudiciais ao longo do seu desenvolvimento , e que acabaram sendo interpretados naquele seu momento infantil como bons e normais.
Por exemplo, você pode ter sido espancado ou abusado psicologicamente, ou pode ter sido severamente negligenciado, mas acabou se defendendo dessas dores subjetivas, minimizando essas experiências dentro do seu mundo interno, assim como não reconhecendo a responsabilidade do seu pai por esses atos perversos.
Essa realidade é tão dura no sentido emocional, que geralmente os mecanismos psicológicos de defesa da criança ou do adolescente, protegem-os dessa dor absolutamente dilacerante .
Se você hoje é pai, e que cresceu com um pai tóxico sendo o seu modelo paterno, tente pensar em como poderá superar essa sua história do passado para que a mesma não se repita com o seu próprio filho.
Tenho boas notícias. Com a psicoterapia, saiba que os comportamentos doentios que são aprendidos na infância como sendo os modelos certos, podem e devem ser ressignificados, desaprendidos e portanto modificados.
Esta não é uma tarefa simples, mas o primeiro passo é você reconhecer que foi moldado comportamentalmente pelo seu ambiente doméstico caótico.
Você não poderá se libertar, se transformar, até poder entender e aceitar as coisas que lhe influenciaram negativamente em seus comportamentos e que te perseguem como fantasmas até aqui.
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É importante reservar um tempo para pensar sobre suas experiências de infância e adolescência, e como elas o(a) moldaram. Pense em como seu pai fez você se sentir no passado. Pense em como ele fez você agir.
Essa reflexão que move o seu mundo emocional, poderá despertar a vontade de falar sobre esses sentimentos que vierem à tona. Entenda que você não precisa tentar embarcar no caminho da sua cura sozinho(a). Considere marcar uma consulta de psicoterapia online.
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Dezenas de pesquisas neurológicas já provaram cientificamente que as sessões de psicoterapia modificam conexões neurais e padrões de comportamento. O nosso passado muda todo dia, mas a ideia é que podemos voltar aos fatos do passado que mais nos atormentam e reavaliá-los, dando a eles outro significado.
Fazer uma “arqueologia da mente” passa por descobrirmos como nossos pais e os desejos deles influenciaram profundamente a nossa vida. A infância assume papel muito importante na psicoterapia, porque os eventos dessa fase são mais marcantes do que os de hoje, justamente porque os eventos de hoje possuem relevância e fazem sentido à partir do nosso passado.
Hoje, O que Você Pode Fazer Por Si Mesmo (a) ao Lidar Com Seu Pai Abusivo?
Embora você não possa mudar o seu passado, saiba que agora adulto, você pode estabelecer limites na relação que tem com seu pai tóxico e nocivo.
Você pode assumir o controle da situação nesse relacionamento, e sentir algum poder onde antes se sentia impotente porque era apenas uma criança.
Mesmo como adulto, ainda existe a possibilidade de você continuar a ser influenciado por esse pai tóxico. Certamente ainda deve ter sequelas psicológicas de uma criança desprotegida e fragilizada, e você pode até sentir inconscientemente que espera que lhe dêem permissão para fugir dessa influência negativa.
Aí está a questão!
Entenda que você é “a única pessoa” que pode se conceder esse tipo de permissão. Você é aquela pessoa que pode decidir tudo, como nesse caso, pode se reciclar e retomar sua vida em outro nível de qualidade existencial. Ahhhh…. você sabia que pode começar hoje, nesse momento, nesse agora? Você pode!
Limites são Limites!
Um dos caminhos para começar a mudar tudo em seu benefício existencial, é estabelecer limites claros com seu pai tóxico. O limite é simplesmente uma linha invisível que você define para si mesmo, e que não há permissão para que alguém atravesse. Isso pode ser de ordem física ou emocional. Saiba que onde esse limite é traçado, depende completamente de você. (Continua Logo Abaixo)
Três Dicas para Estabelecer Limites com o Pai Abusivo:
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Seja objetivo com os limites definidos para seu pai tóxico na sua vida:
Não os deixem (limites) para a livre interpretação do seu pai tóxico. Embora seu pai tóxico possa não ficar feliz sobre o limite estabelecido por você, pois na verdade, ultrapassar limites é uma das maneiras pelas quais ele é tóxico, entenda que são esses limites que ajudarão vocês dois a terem uma relação de respeito pelo menos nos dias de hoje.
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Torne a comunicação clara sobre esses limites para seu pai tóxico:
Confie em você. Não há problema em dizer NÃO ao seu pai se ele foi longe demais. Ao mesmo tempo, mantenha a calma e não se culpe ou fique excessivamente defensivo, porque pais tóxicos se alimentam dessa energia.
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Verifique continuamente se seu pai tóxico está respeitando os limites:
Seu pai está respeitando os limites que você colocou na relação de vocês? Caso contrário, você pode precisar de um plano B, mesmo que isso signifique evitar o contato com ele por algum tempo.
Para Refletir:
Ter crescido com um pai saudável emocionalmente é um privilégio do qual algumas pessoas infelizmente foram privadas. Ninguém pode negar que crescer em uma família psicologicamente saudável e emocionalmente amorosa e equilibrada, seja uma experiência muito gratificante.
Mas o mundo está repleto de pessoas que têm sérias dificuldades em criar vínculos afetivos seguros nos relacionamentos adultos, justamente porque cresceram sem a presença do pai ou porque viveram com um pai disfuncional.
Por outro lado, vamos pensar que explosões e dias ruins são perfeitamente normais para qualquer família, para qualquer pessoa, incluindo os pais. Mas se os comportamentos que você lembra de sua infância são constantes ou têm algum tipo de padrão que cause dor psicológica, você pode dar uma segunda olhada em como eles impactaram a pessoa que você se tornou.
O que acontece na mente de um pai para provocar uma criação tóxica em relação a seu filho? Tudo parte dos seus próprios traumas, relacionados com o egoísmo ou o narcisismo. Seus triunfos e suas conquistas pessoais são o mais importante, e se eles não conseguem alcançá-los, projetam suas frustrações em seus filhos, humilhando e minando sua própria autoestima.
E se você perceber que também apresenta certos comportamentos abusivos iguais a do seu pai tóxico??
Faça o seguinte:
- Escreva uma lista das coisas que você quer mudar em você.
- Escreva ao lado de cada uma dessas coisas que quer mudar, a nova maneira como você gostaria de se comportar/sentir.
- Priorize essa lista que foi feita e para começar o trabalho de transformação, escolha apenas um comportamento para iniciar a sua mudança.
- Pratique o novo comportamento, no lugar daquele antigo que desejou mudar por esse novo.
Quando sentir que dominou um comportamento, volte na lista e comece a trabalhar nos outros.
A origem dos “problemas relacionais com o pai”
Há um importante conceito que teve início na Psicanálise Freudiana chamado de complexo paterno. Uma pessoa com complexo paterno pode apresentar impulsos inconscientes por causa de seu relacionamento ruim com seu pai na infância.
Esses impulsos são sempre negativos. Um impulso inconsciente negativo em relação a um parceiro amoroso na vida adulta, pode se apresentar através do medo do relacionamento ou da desconfiança quase que obsessiva contra o parceiro.
Uma filha que apresente no seu comportamento o complexo paterno, tem grandes chances de desenvolver relacionamentos doentios com outros homens. Na mulher com complexo paterno, a mente recria seu relacionamento com o pai como forma de tentar consertar aquele relacionamento rompido e doentio.
Como Reflete na Sua Vida Adulta os Abusos Cometidos Pelo Seu Pai Abusivo:
Abaixo estão alguns indicadores que apontam para uma probabilidade muito alta de você reviver problemas relacionais com seu pai:
1. Você tem interesse em homens muito mais velhos?
Se você cresceu com um pai disfuncional ou sem um, você inconscientemente deseja alguém que possa tomar esse lugar para protegê-la e amá-la, como se fosse o protótipo do pai ideal que você jamais teve.
Você acredita que essa pessoa poderá proporcionar o preenchimento da falta de afeto em todas as instâncias que você experienciou quando criança. A escolha por homens mais velhos ocorre por várias razões, entre elas, porque eles são mais estáveis financeiramente e geralmente têm um estilo de vida mais equilibrado para cuidar de uma mulher.
É a busca inconsciente dos cuidados de uma figura paterna através do parceiro.
2. Você é possessivo, protetor e gruda!
Se você está continuamente ansioso no contexto do relacionamento amoroso, você pode ser muito pegajoso, possessivo e até protetor em demasia com seu parceiro(a). Com essas características, certamente desenvolveu o estilo de apego ansioso por causa do relacionamento que teve com seus cuidadores na infância.
O apego ansioso se manifesta quando a criança não tem certeza quanto à disponibilidade de cuidados, atenção ou ajuda dos pais, e passa a desenvolver dificuldade em lidar com esse sentimento. O comportamento dos cuidadores é instável, ora se mostrando disponíveis e ora não.
Recorrentemente quem apresenta apego ansioso, está sempre preocupado com a relação, no sentido de ser rejeitado, abandonado, e em tudo o que o parceiro quer. Demonstra carência excessiva, seus limites pessoais são muito pobres, não compreende porque o parceiro precisa de espaço pessoal, se ofende com a menor coisa e estraga tudo.
Você tende a ser muito irritável e sempre verifica o telefone do seu parceiro para descobrir se ele está traindo? Você também se preocupa muito se ele chega tarde em casa e com qual frequência?
Esse comportamento ansioso pode prejudicar seu relacionamento e você pode acabar sendo abandonado(a).
3. Você exige constantemente a garantia de amor!
Se você cresceu desenvolvendo inseguranças afetivas, a consequência disso é sempre buscar a segurança de seu parceiro sobre os sentimentos dele por você. Você também tende a se comparar com as ex parceiras(o) dele.
Novamente, isso pode ser sufocante para qualquer parceiro. Você corre riscos de ser abandonado, como também se sentirá não amado e sem nenhuma importância.
4. Você atrai constantemente parceiros abusivos!
Você tem um desejo inconsciente de consertar seu relacionamento distante e disfuncional com seu pai . Por causa disso, você reedita novas situações, e de forma inconsciente se sente atraída por parceiros egoístas e abusivos como seu pai foi com você.
Por quê isso acontece com você? Porque a atitude deles lembra seu pai disfuncional, a pessoa que você mais queria no mundo agradar quando era mais jovem.
5. Você parece desejar muito sexo!
Você acredita profundamente que o sexo que você oferece é a única maneira de segurar seu parceiro no relacionamento com você. Dentro dessa sua perspectiva você constrói sua segurança afetiva e autoestima através e unicamente das interações sexuais regulares com ele. Mais nada.
Querer que aconteça a segurança do relacionamento amoroso, através e unicamente de uma vida sexual ativa, é como usar um band-aid para cobrir feridas purulentas.
O sexo nesse caso, encobre apenas algumas das suas feridas emocionais e inseguranças. Você sabe que lá no fundo, está lutando com problemas sérios de apego e os encobre usando a sua sexualidade como recurso para tentar sentir que o seu relacionamento pautado apenas na vida sexual é intocável.
Se este é o tipo de relacionamento amoroso que você tem agora, não há dúvidas de que você vai se machucar a longo prazo.
6. Você não quer ficar sozinha!
Você é aquela pessoa que nunca está solteira(o)? Você sempre está pulando de um relacionamento romântico para outro e sem nenhuma pausa? Você não se importa se sempre acaba arrumando um parceiro gentil ou até um abusivo? Para você tanto faz, desde que esteja com alguém?
Se este é o tipo de amor que você deseja, busca e sempre arruma na sua vida, isso pode revelar os seus medos de ficar só, porque quem emenda um relacionamento no outro e faz de tudo o tempo todo para estar com alguém pode estar fugindo de si mesmo. Relacionamentos nos mantêm ocupados e com menos tempo de olhar para dentro e portanto distantes de nossas dores psicológicas.
Tipos de Apegos Doentios que se Desenvolve Nas Pessoas Que Tiveram Um Pai Tóxico!
Indivíduos com problemas relacionais com o pai, desenvolvem estilos de apegos inseguros que acontecem quando os cuidadores não respondem às necessidades da criança.
O apego inseguro pode ser categorizado em:
1. Apego Ansioso-Preocupado
Essas pessoas são muito pegajosas e ansiosas. Sempre estão inquietas porque estão preocupadas que seu parceiro possa deixá-los.
2. Apego Dispensa-Evitação
Esses indivíduos têm sérios problemas de confiança. Eles têm medo profundo de se machucarem por aqueles em quem confiam e dependem.
3. Apego Temeroso-Evitador
Essas pessoas estão sempre com medo e preocupadas com a intimidade. Elas evitam a intimidade com qualquer pessoa. Quando confrontados por terem essas dificuldades, eles preferem fugir.
Problemas com o pai tóxico e sexualidade
Crianças com pais menos envolvidos nas suas vidas se desenvolvem mal. Elas têm um desenvolvimento instável, o que pode resultar em um aumento do desejo por atividades sexuais.
Homens que não tiveram um pai presente enquanto cresciam, terão certas inseguranças em sua masculinidade. Suas inseguranças podem fazê-los evitar completamente o namoro ou o sexo. Eles podem até apresentar comportamentos agressivos, ou pior, se tornarem predadores sexuais.
O Que Pode Ser Feito?
Já é hora de você pensar com sinceridade em todos os relacionamentos que teve ao longo de sua vida. Será que você terminou com os seus relacionamentos doentios?
Olhe para os outros casais que você conhece. Como os relacionamentos deles são diferentes dos seus? Se você tem amigos próximos que navegam por relacionamentos saudáveis, peça conselhos.
Se o seu parceiro(a) estiver disposto a ajudá-lo a resolver os problemas relacionais que você teve com seu pai, você e ele podem fazer terapia de casal . O objetivo do tratamento é resolver os conflitos subjacentes e encontrar soluções concretas para o problema.
Agora é a hora de pensar em ter uma vida amorosa melhor. Fazer isso sozinho não vai ser fácil. Você deve procurar ajuda profissional para poder seguir em frente e não olhar para trás.
Pensamentos finais
Pessoas com problemas com o pai tóxico, tendem a não se amar o suficiente ou se amarem da maneira errada. Isso inevitavelmente afeta todos os relacionamentos que eles têm, seja familiar, romântico, amigável ou profissional.
O amor deve ser uma via de mão dupla. Você ama a pessoa, e a pessoa te ama de volta. É mais provável que você tenha relações estáveis e amorosas se aprender primeiro a amar a si mesmo e depois estabelecer metas pessoais e relacionais.
Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo. Mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim.
